Equilibrista

O corvo se balança no galho 

e reverbera o ar

por vezes seguidas

desequilibrando-se

a si mesmo.

Tenho a impressão 

de que se pudesse voar, 

teria dificuldade em escolher 

qual árvore pousar, 

ou mesmo que tipo de sustento 

precisaria ao chegar no meu destino.


Numa vida de galhos predestinados, 

sou do tipo que fica nua no inverno 

só para sentir o calor das folhas

roçando a minha pele, 

revisitando o aquecer do corpo

sendo esvaziado

das estações.

Publicado em Al-Tiba 9 Contemporary Art.