Clique aqui para baixar o texto.
O corpo felino no centro da minha cama (a)guarda
com dificuldade meu calor ao singrar o bolor da garganta.
Preciso gritar a ocupação dos meus vazios, germinar
o desejo na minha boca quente, a lamber despudoradamente
o inverno voraz de Vancouver.
Numa pele com temperaturas acima do normal, nua
de ponta à cabeça, sou extrema margem, concepção
fêmea que entende o contato entre élitros um ínfimo
saber na erótica do feminino, rasamente inferior
ao efeito da conversa sobre, e ao redor, delas.
Convido uma outra mulher a presenciar meu beirar
o limite do seu mapa, me aproximando das encostas
de um rochedo repleto de rasgos. Só para descobrir
o que em nós é impenetrável, além do alimento
ilimitado da memória de mar, intocado
no lubrificar do sentir.
Neste espaço oblíquo, acho um pedaço do seu quadril
na minha letra suja, enamorada de nossas línguas
estrangeiras, estremecendo em queda livre até aqui.
Tremendo, rendendo o nosso real desfiladeiro,
me encontro ao te ver vulnerável, deitada
na minha página, escrevendo o alfabeto de prazer
crescente e alinhavando meu vasto amor de ti.