Jabuticabas

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Na lavanderia da fazenda, ela lava bem os pés, massageando entre os dedos, sentindo o coração apertar com a pressão dos pequenos ossos que vibram na estrutura e se modificam – as manchas roxas, vestígio das frutas, lentamente desaparecendo. A doçura da saliva, resíduos de jaboticaba nos galhos, permanecendo junto à negritude entremeada das unhas.

Ela entra na velha casa como uma passageira de tempos passados, os azulejos de barro arrepiando a espinha, corrente de ar surrando os espíritos de séculos passados. No entra e sai de quartos, o vulto do marido conversa com as paredes, enquanto seu filho, sentado na cama, acaricia a face coberta de lama. Inimigo desconhecido – um trator imaginário no meio do campo – lhe força de volta à casa.

“Ainda aqui?” Ela pergunta, reconhecendo seu medo pelo espelho.

Após subir o pé de jaboticaba, o terror de queda ao chão do garoto fica claro para ela, um amálgama de terras e caminhos desconhecidos. Hesitante, sua partida reinaugura seu argumento com coragem e derrota o fantasma, que eventualmente se esvai.

Poema publicado em inglês em Torrid Literature Journal.