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Laranjas rolando morro à baixo como pneus soltos e ela vendo sua decida sem controle. Sua bolsa, rasgada ao fundo, quebra seu inglês. Os buracos da linguagem se tornando cada vez mais acentuados com a passagem do tempo – que também se esquece do português. Momentos de estresse desencadeando montanhas, cones e mundos desconhecidos.
Sentada na beirada da calçada, ela observa os legumes soltos no asfalto, querendo ser amassados, caso não consigam seguir descendo. Sua família nunca pergunta porque ela se mudou para tão longe (se o fizessem, sonha, voltaria correndo para casa, seja lá onde fique isso).
A gaivota, aterrissando ao seu lado, concorda. Grita, como fazem os pássaros, as baleias mergulhando em imensa solitude, oceano contínuo cobrindo o que não pode falar. Talvez eles também não saibam, ela pensa, catando o tomate, abacate, pepino, pronta para lava-los duas vezes desta vez.
Publicado em inglês em Cha: An Asian Literary Journal.