Corcovado em Vancouver

Clique aqui para baixar o texto.

Sky Train deslizando nos trilhos,
cobras rastejantes pulsando na calada da noite.

Corcovado, enterrado em seus olhos, atravessando
o deserto de Vancouver. A mulher está sozinha
com sua própria imagem e seu passado.

Memória do cimento de Deus, velando sobre as favelas.

Cadeiras de sol empilhadas
na carroça do negro puxando a carga na calçada.
Dentro dos prédios de pouco andares,
ricas famílias acordam.

Hip-hop no radio à pilha preso na cintura.
Saudade quente.
Ninguém quer vir para este país,
2016 é o ano da virada.

Previsões astrológicas preveem a queda do brasil.
Alguma coisa está queimando.
Faz muito calor lá, quase 39 graus, a mulher diz
no Canada ao retornar.

Dois Irmãos não é destaque no Globe and Mail,
só o sírio que decidiu não imigrar.
O presidente recusa ouvir o Congresso.

Terra sem Lei, diz o motorista.

Poema publicado em inglês em Cha: An Asian Literary Journal.