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Quando meu olhar se agita, e mesmo assim não desvia de olhar, sei que estou diante de um acontecimento de presença.
Minha mãe foi meu primeiro encontro desta qualidade, inesperado como um estrondo de beleza.
A partir dela, comecei a amar as mulheres de forma indefensável, respirando com desejo cada uma delas.
Nunca deixarei de reencontrar os olhos de minha mãe na mulher que me tornei. Se antes ansiava pela sua chegada, hoje a trago entre minhas palavras, na trajetória solitária de quem sabe o custo de letrar a própria falta: angústia forte e prolongada.
Talvez por isso viva em tamanho estremecimento.
Desde cedo decifrei no olhar de minha mãe o acalento para os desejos do meu coração: mulher em deslumbrante tremor.