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A morte de minha mãe intensifica ainda mais o nosso pacto em vida: um nó de silêncio. Amá-la é esvaziar-me de palavras, sorvendo as angústias de quem sabe-se em carne. Num ritual, cumpro o amargo não dizer. Experimento a saliva dos beijos engolfados pelos holofotes insignificantes dos sussurros. Provo da solidez de quem se petrifica na fala mortificada do pai: que sentencia o nada saber do outro. Engulo palavras mortas e me basto em dois dedos de silêncio – à espera de alguma letra. Me encontro com os mortos: revivo as perguntas sem respostas e faço contraluz à noite. Reconheço as entrelinhas que pulsam nas pausas das lápides. Neste muito pouco, sobrevivo.
Publicado em inglês na revista literária Whimsical Poet.