Para Hilda
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Tudo começa com a castração – Freud e a impossibilidade do ser humano de atingir total satisfação – que a princípio não me alcança porque estou com as mãos molhadas, à vontade no meu satisfazer-me plena.
Fico nisso até não me bastar mais e escolher fazer luto dos excessos, do maior orgasmo do mundo.
Aceito ser ordinária, mais uma, num corpo que deseja como qualquer outra. Entendo ser dona de uma ridícula finitude que sofre de indigestão de imagens: de mim, do mundo, das encenações de desejo.
A caligrafia dos meus sonhos encriptados na noite é um sinal de que me escuto quando dormindo.
O fim do meu maior gozar traz falta, mas também reloca espaços – o retorno da singularidade dos pequenos gozos.
Volto a escrever (meu nome) e a sentir prazer com as palavras que me faltam na boca. Um endereçar de som qualquer ao seu ouvido.
Ou, de outra forma, também: quando você não solta a minha mão e eu entendo que o amor é só isso.
Publicado na revista literária Brown Bag.