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Na praia, cinco urubus comem a cauda de um cadáver. Eles circulam em conjunto, protegendo sua duvidosa solitude. Um longo fio de carne os conecta entre bicos. Mais acima, na areia, a mulher assiste ao espetáculo, logo especulando se a sereia está morta também. No seu sonho, a mulher metade peixe, metade gente, era cuidadosa com os predadores, comendo algas e envolvendo-se entre peixes coloridos. Coisas mortas são desagradáveis, mesmo quando disfarçadas de anjos, a voz na noite escura afirma. O pescador levanta os braços no ar e atira a carcaça no mar. As gaivotas, desorientadas, voam assustadas. No seu caminho para casa, ela ouve Schubert e a melancolia da peça faz com que ela se arrepie, chorando lágrimas rasas.
Poema publicado em inglês na antologia The Collapsed Lexicon.