O Dia do Casamento

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É a primeira vez que veste um terno branco. Seu nome é Blanca e ela tem a pele apurada, acolhedora à seda. Depois da explosão dos canos, a água desce pelos degraus da igreja, onde a aglomeração é evidente. Poucas pessoas querem este casamento, ela pensa, imaginando sabotagem. Ela pode capturar os devaneios, os olhares de horror, seus sapatos de plataforma acentuando ainda mais seu porte mulher alta.

“Não se preocupe, posso andar sobre a água,” enfatiza, pulando os jatos e as golfadas que inundam o chão e fazem com que ela veja coisas que não há. A ajuda finalmente chega num caminhão dos primos: que seguram as ferramentas e fecham o registro, assistindo ao casamento das mulheres com orgulho. As esposas, de mãos macias como pele de raposa, suavizam o dia molhando os lábios de batons – tão rapidamente como o sol que surge e encharca o cimento, secando as rachaduras da calçada.

Poema publicado em inglês na antologia The Collapsed Lexicon.