Fundo do Mar

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Na beleza de oceano, molho minhas palavras num movimento de corpo só seu. Água quebrante de encostas, você é meu ressentimento ancestral de tanto (a) mar; meu interdito de desejo estrangeiro que me envolve entre as pernas e me abre em concha diante de indefensável arrebentação. Sem qualquer esforço, você me alcança no anonimato da minha própria língua, trazendo de volta todas as minhas palavras, inclusive as que nunca tive (encharcadas pela tempestade de suas encostas). De tudo o que se revela indizível, sou o inevitável fazer nada diante da maresia do orvalho, úmida como a noite de um oceano sem permissão – que atordoa no que me excede. Coberta pelo resíduo turquesa do seu azul, sou pele desnuda do ouriço que me lambe o sal da boca, eco fundo do mar em mim.



Video poema publicado na revista literária The South Shore Review and Brown Bag.


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