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O homem empurra o carrinho de supermercado laranja sobre a linha de trem, cuidadoso para não tropeçar nas pedras do rio ao longo do caminho. Daquele lado do vale, o vento sopra pó como fuligem de ouro, rodopiando folhas num carrossel dançante. A neve faria da cena ainda mais congelada, mas ela não está presente. O céu límpido e a luz oscilante reduzem o ritmo do caminhar. O córrego seco e ervas daninhas crescem por entre as rachaduras do pavimento, entrecortando o cimento num labirinto de vegetação. Antes de perder tudo, ele também jogava seus pertences em locais como este – a velha geladeira o único equipamento que ele encontra, lembrando outra que tivera em sua antiga cozinha. Não é fácil levá-la até o carro, suas memórias pesando no corpo. Mais além, alguém na cidade usufrui do seu antigo apartamento, deitado em sua cama, sentindo seu calor. Na claridade das coisas que não se vê, ele confia e empurra seu carro seguindo a jornada.
Poema publicado em inglês em The Lake Poetry.