Poema de Iacyr Anderson Freitas
Tradução para o inglês por Desirée Jung
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[para José Afrânio M. Duarte]
A única imagem pessoal:
aquela árvore sob a chuva,
impassível e dura.
A cidade à deriva,
cortinas alvas avançando mais e mais
para a noite, por duas semanas
– e nenhum azul, nenhuma réstia
de luz ou lume.
Casas com âncoras nos batentes.
Lodo, lixo, limo. A paisagem
começa a empalidecer.
Mal se adivinha a montanha ao lado.
Uma densa parede sela a vista.
As águas tracionam terra e céu.
Agora tudo compõe
uma irmandade
sem contornos.
O que era realidade
vai girando
sua manivela.
Mesmo a topografia se curva
ao temporal, sem pressa.
Alheia ao desespero,
apenas aquela árvore.
Impassível em sua metáfora, entregue
à total condenação:
estar na chuva, sob o jugo,
testemunhar a tudo,
avessa ao céu e ao chão.
Poema publicado em The Immense Hour.